Dec 8, 2007



Nem tudo é fácil

Cecília Meireles


É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar para que não apenas sonhemos, Mas também tornemos todos esses desejos, realidade!!!

Nov 10, 2007


É mais uma estorinha boba p/ tentar comover. Mas pode significar um aprendizado grandioso p/ o nosso comportamento cotidiano. Ajuda-nos a nos convencer que estamos agindo com ética e respeito pelo ser humano ou que precisamos dar uma dimensão mais respeitosa e ética às nossas vidas. Isso tudo sem muita pieguisse nem choromingação...


Certa vez, trabalhei em uma pequena empresa de Engenharia.

Foi lá que fiquei conhecendo um rapaz chamado Mauro. Ele era grandalhão e gostava de fazer brincadeiras com os outros, sempre pregando pequenas peças.

Havia também o Ernani, que era um pouco mais velho que o resto do grupo. Sempre quieto, inofensivo, à parte, Ernani costumava comer o seu lanche sozinho, num canto da sala. Ele não participava das brincadeiras que fazíamos após o almoço, sendo
que, ao terminar a refeição, sempre sentava sozinho debaixo de uma árvore mais distante.

Devido a esse seu comportamento, Ernani era o alvo natural das brincadeiras e piadas do grupo. Ora ele encontrava um sapo na marmita, ora um rato morto em seu chapéu. E o que achávamos mais incrível é que ele sempre aceitava aquilo sem ficar bravo.

Em um feriado prolongado, Mauro resolveu ir pescar no Pantanal. Antes, nos prometeu que, se conseguisse sucesso, iria dar um pouco do resultado da pesca para cada um de nós.

No seu retorno, ficamos todos muito animados quando vimos
que ele havia pescado alguns dourados enormes. Mauro, entretanto, levou-nos para um canto e nos disse que tinha preparado uma boa peça para aplicar no Ernani. Mauro dividira os dourados, fazendo pacotes com uma boa porção para cada um de nós. Mas, a 'peça' programada era que ele havia separado os restos dos peixes num pacote maior, à parte.

- 'Vai ser muito engraçado quando o Ernani desembrulhar esse 'presente' e encontrar espinhas, peles e vísceras!', disse-nos Mauro, que já estava se divertindo com aquilo.

Mauro então distribuiu os pacotes no horário do almoço.

Cada um de nós, que ia abrindo o seu pacote contendo uma bela
porção de peixe, então dizia:

- 'Obrigado!'.

Mas o maior pacote de todos, ele deixou por último. Era para o Ernani.
Todos nós já estávamos quase explodindo de vontade de rir, sendo que Mauro exibia um ar especial, de grande satisfação. Como sempre, Ernani estava sentado sozinho, no lado mais afastado da grande mesa. Mauro então levou o pacote para perto dele, e todos ficamos na expectativa do que estava para acontecer.

Ernani não era o tipo de muitas palavras. Ele falava tão pouco que, muitas vezes, nem se percebia que ele estava por perto.

Em três anos, ele provavelmente não tinha dito nem cem palavras ao todo. Por isso, o que aconteceu a seguir nos pegou de surpresa.

Ele pegou o pacote firmemente nas mãos e o levantou devagar, com um grande sorriso no rosto. Foi então
que notamos que seus olhos estavam brilhando. Por alguns momentos, o seu pomo de Adão se moveu para cima e para baixo, até ele conseguir controlar sua emoção.

- 'Eu sabia que você não ia se esquecer de mim', disse com a voz embargada.

- 'Eu sabia, você é grandalhão e gosta de fazer brincadeiras, mas sempre soube que você tem um bom coração'. Ele engoliu em seco novamente, e continuou falando, dessa vez para todos nós:

- 'Eu sei que não tenho sido muito participativo com vocês, mas nunca foi por má intenção. Sabem... Eu tenho cinco filhos em casa, e uma esposa inválida, que há quatro anos está presa na cama. E estou ciente de que ela nunca mais vai
melhorar. Às vezes, quando ela passa mal, eu tenho que ficar a noite inteira acordado, cuidando dela. E a maior parte do meu salário tem sido para os seus médicos e os remédios. As crianças fazem o que podem para ajudar, mas tem sido difícil colocar comida para todos na mesa. Vocês talvez achem esquisito que eu vá comer o meu almoço sozinho, num canto... Bem, é que eu fico meio envergonhado, porque na maioria das vezes eu não tenho nada para pôr no meu sanduíche. Ou, como hoje, eu tinha somente uma batata na minha marmita. Mas eu quero que saibam que essa porção de peixe representa, realmente, muito para mim. Provavelmente muito mais do que para qualquer um de vocês, porque hoje à noite os meus filhos...',

Ele limpou as lágrimas dos olhos com as costas das mãos:

- 'Hoje à noite os meus filhos vão ter, realmente, depois de alguns anos...' e ele começou a abrir o pacote...

Nós tínhamos estado prestando tanta atenção no Ernani, enquanto ele falava, que nem havíamos notado a reação do Mauro. Mas agora, todos percebemos a sua aflição quando ele saltou e tentou pegar o pacote das mãos do Ernani. Mas era tarde demais. Ernani já tinha aberto e pacote e estava, agora, examinando cada pedaço de espinha, cada porção de pele e de vísceras, levantando cada rabo de peixe.

Era para ter sido tão engraçado, mas ninguém riu. Todos nós ficamos olhando para baixo. E a pior parte foi quando Ernani, tentando sorrir, falou a mesma coisa que todos nós havíamos dito anteriormente:

- 'Obrigado!'.

Em silêncio, um a um, cada um dos colegas pegou o seu pacote e o colocou na frente do Ernani, porque depois de muitos anos nós havíamos, de repente, entendido quem era realmente o Ernani.

Uma semana depois, a esposa de Ernani faleceu. Cada um de nós, daquele grupo, passou então a ajudar as cinco crianças. Graças ao grande espírito de luta que elas
possuíam, todas progrediram muito: Carlinhos, o mais novo, tornou-se um importante médico. Fernanda, Paula e Luisa montaram o seu próprio e bem-sucedido negócio: elas produzem e vendem doces e salgados para padarias e supermercados. O mais velho, Ernani Júnior, formou-se em Engenharia; sendo que, hoje, é o Diretor Geral da mesma empresa em que eu, Ernani e os nossos colegas trabalhávamos.

Mauro, hoje aposentado, continua fazendo brincadeiras; entretanto, são de um tipo muito diferente:

Ele organizou nove grupos de voluntários que distribuem brinquedos para crianças hospitalizadas e as entretêm com jogos, estórias e outros divertimentos.

Às vezes,
convivemos por muitos anos com uma pessoa, para só então percebermos que mal a conhecemos.

Nunca lhe demos a devida atenção; não demonstramos qualquer interesse pelas coisas dela; ignoramos as suas ansiedades ou os seus problemas.

Como às vezes julgamos as pessoas de modo errado
Como brincamos com pessoas só por prazer de humilhar, não é verdade? Não parece coisa de filme americano?

Nov 1, 2007



Cultura quase de graça!!!

Salvador sedia entre os dias 1 e 10 de novembro a 1ª edição do Festival Nacional de Teatro da Bahia. O Festival reúne diversos grupos e companhias de todo país e traz mais de 50 espetáculos a preços populares (R$ 8,00 e R$ 4,00) e entrada franca. Os espetáculos estão distribuídos em quatro mostras (mostra oficial, mostra da cooperativa, mostra universitária e mostra de teatro amador) e cinco categorias (rua, sala, animação, infanto-juvenil e adulto).
A abertura será no Teatro Castro Alves (TCA), com o sucesso baiano “O Sapato do meu Tio”. O Festival percorre durantes os dez dias os diversos locais de Salvador: os teatros da Sala do Coro, Teatro Vila Velha, Teatro Gamboa, Espaço Xisto Bahia, Teatro Gregório de Mattos, Teatro SESC-Pelourinho; e as praças do Campo Grande, Piedade, Tomé de Souza além do Cruzeiro de São Francisco e ruas do Pelourinho.
O que: I Festival Nacional de Teatro da Bahia
Quando: de 01 a 10 de novembro, às 20h
Quanto: R$ 8,00, R$ 4,00 e entrada franca
(A Tarde On Line )

Apr 1, 2007

“Um dia virá em que só se terá um único pensamento: a educação”
(Nietzsche, F. Fragmento Póstumo, 1875).

Certamente, existem muitos outros meios de um indivíduo encontrar-se a si mesmo, escapar ao atordoamento no qual se move habitualmente como se estivesse no interior de uma nuvem escura e de ser ele mesmo, mas não conheço outro melhor que o de se lembrar de seus mestres e educadores. (Nietzsche)

Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar para atravessar o rio da vida, ninguém exceto tu, somente tu. Existem, por certo inúmeras veredas, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te do outro lado do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa: tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho, por onde só tu podes passar. Para onde leva? Não perguntes, segue-o. (Nietzsche, 1974, P. 89)

Hoje estava lendo fragmentos da obra de Netzsche... Refletindo sobre a educação, sobre os educadores. Será que é tão difícil entender que a educação é a base se tudo?? Fazer cada um pensar por si....APRENDER A PENSAR...a SER CRÍTICO, REFLEXIVO... Tá faltando vontade de aprender, vontade de ensinar, de trocar... Não podemos trancar a sete chaves o que aprendemos, afinal o verdadeiro conhecimento só é sábio quando dividido com os outros. O imortal Paulo Freire já dizia: "quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender". Ai...A cada dia eu tenho mais certeza do que sou, do que quero continuar sendo: EDUCADORA!!!!

Mar 11, 2007

Mulheres
Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.
Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversário ou um novo casamento.
(Pablo Neruda)

Feb 19, 2007


Mensagens de Paulo Coelho sempre nos remetem à reflexão... O saber falar, ouvir, emitir crítica me chamam a atenção. Tenho a certeza que estou no caminho certo, no caminho da aprendizagem. Mensagens como esta só me acrescentam...Leia e reflita!

A arma mais poderosa


De todas as poderosas armas de destruição que o homem foi capaz de inventar, a mais terrível - e a mais covarde - é a palavra.Punhais e armas de fogo deixam vestígios de sangue. Bombas abalam edifícios e ruas. Venenos terminam sendo detectados.Diz o mestre:A palavra consegue destruir sem pistas. Crianças são condicionadas durante anos pelos pais, homens são impiedosamente criticados, mulheres são sistematicamente massacradas por comentários de seus maridos. Fiéis são mantidos longe da religião por aqueles que se julgam capazes de interpretar a voz de Deus.Procure ver se você está utilizando esta arma. Procure ver se estão utilizando esta arma contra você. E não permita nenhuma destas duas coisas.

Feb 7, 2007

AVALIAÇÃO: UM PARADIGMA A EMERGIR

Jane Glady Ribeiro Duque[1]
Moema Duque Soares[2]


RESUMO

Neste artigo pretende-se analisar no procedimento de avaliação visto que esta é u,a ação excludente, classificatória, que julga e não determina nem avalia o aprendizado. Enfatiza teoricamente a avaliação no processo ensino aprendizagem de acordo com as concepções pedagógicas e os diversos meios de avaliar, tendo como, tendo como alicerce metodológico pesquisas bibliográficas. Igualmente procura-se estabelecer relações entre exame e avaliação da aprendizagem remetendo a reflexão acerca do questionamento: é possível mudar a maneira atual e tradicional de avaliar? Tem como finalidade abordar as ferramentas educacionais da avaliação explanando cada uma delas de forma objetiva, oferecendo um respaldo teórico ao leitor. Resgata-se a literatura de teóricos respeitados na área educacional, evidenciando assim, a trajetória da educação junto aos mecanismos da avaliação. Por fim, analisa-se a contribuição da avaliação seja como exame escolar ou como avaliação da aprendizagem, focalizando a ação do educador.


Palavras-chave: avaliação; aprendizagem; concepções pedagógicas; exame; avaliação da aprendizagem.


INTRODUÇÃO

Este artigo faz uma abordagem teórica sobre a avaliação no processo ensino-aprendizagem. Inicialmente evidencia-se a trajetória da educação (citando as concepções pedagógicas) caracterizando respectivamente as ferramentas avaliativas usadas. Justifica-se tal abordagem buscando-se excelência na avaliação dos aprendentes realizada pelos educadores dos cursos de graduação, neste sentido “[...] não estamos acostumados a ver a avaliação como incentivo à aprendizagem e sim como identificadora de resultados obtidos” (MASSETTO, 2003, p. 149). Com base nestas observações surge um questionamento: é possível mudar a maneira atual e tradicional de avaliar?

Evidencia-se a complexidade da avaliação quanto ao processo de ensino-aprendizagem. Deste modo o objetivo do artigo é fazer uma reflexão e análise com referência ao processo avaliativo através de pontuação tendo como características, educação: um passado ainda presente; um meio de transformação social; uma tortura medieval? a práxis pedagógica; a avaliação e suas implicações no ensino superior; avaliação da aprendizagem x exame, elencado na abordagem de Luckesi (2002 e 2003), investigando os dois processos, focalizando suas características e relevância para o processo educacional.

Busca-se uma avaliação de qualidade que compreenda o sujeito como um ser integral[3] que está inserido no processo educativo. Com a intenção de proporcionar reflexões, e impulsionar mudanças no âmbito educacional, propõem-se pesquisar empiricamente a respeito deste assunto que é tão polêmico e complexo.

De acordo com Gil (2002, p. 44) “Os livros constituem as fontes bibliográficas por excelência” este artigo cientifico tem como alicerce metodológico pesquisas bibliográficas publicadas em livros, revistas, artigos científicos, bem como as eletrônicas, que contribuíram para o embasamento do problema proposto. Este não será apenas mais um trabalho de conclusão de curso, e sim uma produção acadêmica de cunho pesquisador, que servirá de referencial teórico aos profissionais da área educacional.


EDUCAÇÃO: UM PASSADO AINDA PRESENTE

O século XXI chegou trazendo algumas transformações para o campo educacional. O ensino tradicional enfraqueceu deixando professores sem norte em suas práticas (GADOTTI, 2005). A educação deixou de ser apenas transmissão de conhecimento. Atualmente os professores ensinam e aprendem com os alunos, como expressa Freire (2001, p. 25), “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. A concepção interacionista ganhou espaço no sistema educativo brasileiro, e um dos pontos que chamam a atenção é a avaliação.
Não apenas os métodos sofreram alterações no sistema brasileiro de ensino. A verdade é que com tantas transformações no segmento cultural, social, político e econômico do país, restou para a educação o desafio de tentar sistematizar e resolver os problemas do século. Esta passou a ser vista como um dos recursos essenciais capazes de reestruturar o mundo. Devido a esse fato, as instituições vêm desempenhando seu papel de forma a aceitar as inovações trazidas pelas concepções mais atuais de ensino.

De acordo a abordagem de Luckesi (2002) a aprendizagem passou a ser vista com mais interesse pelo professor desde que o aluno passou a ser o centro do processo educacional. Entende-se que a avaliação da aprendizagem é possível e que deve ser realizada mediante o compromisso do professor com o ensino e com a aprendizagem do seu alunado.

A educação como transmissão de conhecimento e vista como uma prática mecânica era incapaz de oferecer subsídios para mudanças sociais. O sistema social de ensino acontecia sem ater-se às necessidades dos aprendentes. Evidências demonstram que quanto maior os níveis de educação, maiores são as chances de elevação do cidadão. A educação é um dos veículos de transformação social, pois na medida em que o indivíduo se desenvolve, conseqüentemente ele evolui e se revela para a sociedade na qual se encontra inserido, não como uma caixa fechada, mas, como um presente que transborda sabedoria para um bem global.


EDUCAÇÃO: UM MEIO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

A inquietação quanto ao processo de avaliação deve-se ao fato de perceber-se que com o desenvolvimento, a sociedade carece de atenção e zelo quanto ao ato de avaliar.

Aquino (1996, p. 39) pergunta: “Qual o papel da escola?”. É abordado que a escola tem a função de atender as necessidades preparando o cidadão para o convívio em sociedade. É necessário ir além. As instituições de ensino têm como finalidade mediar a educação que cada um já traz do seu convívio social fazendo com que o aluno amplie seus conhecimentos, desenvolva as habilidades e competências que são intrínsecos ao ser humano. Cabe, portanto ao educador conhecer a essência e potencialidade dos aprendentes, para que possa de fato efetivar um trabalho pedagógico que seja favorável.

Segundo Abramowicz apud Pellegrini (2001, p. 23) “a maneira como uma escola avalia é o reflexo da educação que ela valoriza”. Necessário se faz valorizar o aprendizado e evolução efetiva do aprendente.

Sabe-se que a educação contribui para a transformação da realidade de uma sociedade. Nela, educadores e educandos são sujeitos do processo, que ocorre através do aprendizado solidificado mediante a troca de saberes.

Educar é construir, é libertar o homem do determinismo, passando a reconhecer o papel da História e onde a questão da identidade cultural, tanto em sua dimensão individual, como em relação à classe dos educandos, é essencial a prática pedagógica proposta. (FREIRE, 2000, p. 46).

O processo de educar será inoperante se não for respeitada a identidade, autonomia, sem levar em conta as experiências vividas pelos educandos antes de chegar à escola.

A educação é ideológica, por ser formadora de idéias, valores, opiniões, crenças, por estabelecer a verdadeira comunicação de aprendizagem entre seres constituídos de desejos e sentimentos.

É neste sentido que o ensinar não é transferir conhecimento, conteúdos nem formar é a ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. (FREIRE, 2001, p. 25).

A educação é o instrumento mais viável para a efetivação do exercício de cidadania, que se apreendido, sem dúvida torna-se um estado de espírito e enraíza-se. É um processo através do qual a pessoa resignifica conhecimentos gerais, científicos, artísticos, técnicos ou especializados. Por meio da educação a pessoa não só amplia e troca conhecimentos, mas procedimentos e atitudes necessárias para o engrandecimento do ser humano.

Educadores e educandos se arquivam na medida em que, nesta distorcida visão da educação, não há criatividade, não há transformação, não há saber. Só existe saber na inovação, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros. (FREIRE, 2000, p. 66).

Há diversos instrumentos para analisar o desempenho do aluno, paralelamente o do professor, e fazer com que todos integrem o processo de ensino-aprendizagem. Neste contexto aborda-se a avaliação como sendo uma ferramenta educacional que promove a ação e a reflexão dos indivíduos inseridos nesta prática.


AVALIAÇÃO: TORTURA MEDIEVAL?


A avaliação que durante anos foi uma ameaça autoritária para a prática educativa está mudando, porém continua sendo um dos entraves da educação. Cada autor/professor defende suas idéias, teses, embasados na concepção de ensino que adotam.

A avaliação deve servir para aumentar a confiança do aluno em sua própria capacidade. A avaliação é um meio, um instrumento que deve servir como ponto de referência para o aluno, para que saiba em que direção está avançando. (PILETTI, 2003, p.168).

É preciso que a avaliação sirva para que todos possam ter experiências de sucesso, para orientar os professores sobre as dificuldades, os aspectos positivos e as necessidades de cada um, não para comparar os alunos entre si de acordo com um critério único, criando competição, inveja e frustração, mas para auxiliar na evolução.

O que pode-se perceber claramente é que tal como afirma Perrenoud (1999, p.9) “A avaliação não é uma tortura medieval”, nem uma ação mecânica do professor, muito menos um acerto de contas.
A avaliação [...] vem sendo considerada um ato penoso de julgamentos de resultados. Essa concepção, consciente ou inconsciente, transformou-se e sedimentou-se numa prática coletiva angustiante, embora exercida pela maioria. [...] Reduzem a avaliação a uma prática de registro de resultados acerca do desempenho do aluno em um determinado período. (HOFFMANN, 2001, p. 27).

Avaliar deveria se constituir em momento reflexivo. Por outro lado, a avaliação, inegavelmente, funciona como uma ferramenta que viabiliza a exclusão, utilizando a nota como um instrumento de poder na relação professor/aluno, com função meramente burocrática e que não reflete o processo de aprendizagem ocorrido. O ato de mencionar uma nota como forma de certificar se houve aprendizagem por parte do aluno, priva também a avaliação da mediação do professor, pois uma vez que houve falhas no processo ensino aprendizagem este também é responsável.

[...] a nota é tão valorizada nas escolas que cria trauma, medos, e até sintomas físicos, como tremedeira, transpiração excessiva, diarréias, etc. É evidente que o pavor de tirar nota baixa, o medo diante de uma prova prejudicam a aprendizagem e o rendimento do aluno. Se as notas não podem ser abolidas, como seria desejável, sua importância deve ser reduzida ao mínimo indispensável, de forma que não interfiram negativamente na aprendizagem, sem qualquer proveito para o aluno. (PILETTI, 2003, p. 163).

O objetivo da avaliação, sob o enfoque tradicional, é meramente verificar se os objetivos foram atingidos e se houve a aprendizagem dos conteúdos trabalhados. Há uma preocupação única com a avaliação da área cognitiva, ignorando-se por completo as áreas afetivas e motoras. Este tipo de avaliação caracteriza-se por um período de apresentação de um conteúdo, por parte do professor, e logo a seguir a aplicação de uma prova, referente a este conteúdo trabalhado, a fim de obter uma classificação, medição do conceito aprendido naquele momento. (LUCKESI, 2002; PERRONOUD, 1999).

Hoffmann (2001) enriquece esta abordagem citando que:

Parece-me necessário desestabilizar práticas rotineiras e automatizadas a partir de uma tomada de consciência coletiva sobre o significado dessa prática e esse é um desafio que se tem a enfrentar! O maior dentre os desafios é ampliar-se o universo dos educadores preocupados com o “fenômeno avaliação”, estender-se a discussão do interior das escolas a sociedade, pois [...] temos o compromisso de construir outra história para as futuras gerações, descaracterizada da feição autoritária que ainda reveste, em busca de uma ação libertadora. (p. 25).

Assim como para Hoffmann (2001) há uma “feição autoritária” e uma “ação libertadora” Vasconcelos (2000) afirma a existência das perspectivas antagônica: integradora e excludente.

Outro teórico estudioso deste tema, Perrenoud (1999), também defende a concernência de duas lógicas da avaliação: a formativa (de caráter qualitativo) e a seleção (de caráter quantitativo).

A avaliação formativa tem como função ajudar o aluno a aprender e a progredir rumo aos objetivos propostos, avaliar o aprendizado através de diagnósticos, verificando o que o aluno sabia antes, e o que apreendeu naquela aula e as dificuldades encontradas. O que prevalece neste tipo de avaliação é o processo de aprendizagem, o crescimento e desenvolvimento do aluno em relação a si e aos objetivos propostos para a aprendizagem acontecer de fato. De acordo a abordagem de Hadji (2001) a mudança da forma de avaliar tradicional para a formativa acontece quando o professor passa a ver o aluno como um indivíduo que aprende de forma contínua, considerando todo o processo de aquisição do conhecimento, ou seja, do início como ele estava, o que sabia (conhecimento prévios) finalizando com o que ele acrescentou no seu saber.

A esse respeito cita-se os três passos do processo de avaliar sob a ótica de Luckesi apud Gentilde; Andrade (2001, p. 16):

1. Conhecer o nível de desempenho do aluno (constatação da realidade);
2. Comparar essa informação com aquilo que é considerado importante no processo educativo (qualificação);
3. Tomar as decisões que possibilitem atingir os resultados esperados.

Assim sendo, os critérios para a avaliação devem ser bem definidos, levando em consideração o que foi ensinado, não deixando de lado a realidade do aprendizado e desempenho do aluno e da turma.

Gardier apud Kalinke (1999, p. 135), define avaliação como:

[...] a obtenção de informações sobre as capacidades e potenciais dos indivíduos, com o duplo objetivo de proporcionar um “feedback” útil aos indivíduos e informações proveitosas para a comunidade circundante.

Dentre os referidos teóricos optou-se por aprofundar os estudos na concepção de Luckesi (2003), por esta evidenciar uma abordagem voltada muito mais para a reflexão do que simplesmente pela distinção de “tipos” de avaliação. Luckesi (2003) enfoca que o problema educação não é a avaliação e sim a aprendizagem: “Aprovação é conseqüência da aprendizagem, por isso, o que nós temos que buscar é a aprendizagem e é para isso que serve o processo avaliativo” (p. 22).


PRÁXIS PEDAGÓGICA

Os indivíduos têm ritmos diferentes e essas particularidades devem ser respeitadas pelas instituições. Prova traumatiza podendo comprometer o desempenho do aprendente. Lembra-se mais dos professores que ajudam no crescimento, desenvolvimento sem repressão, pelo modo de interagir, mediar as informações, e constata-se que os mais lembrados são os que de fato se empenharam para que o aprendizado ocorresse.

A sala de aula assemelha-se a um útero materno, é o lugar onde cada ser humano, na sua prática escolar, deve ser recebido para, num tempo, processar passos de seu desenvolvimento. Esse espaço necessita de ser acolhedor, nutridor; e o tempo necessita de ser o tempo necessário para que esse desenvolvimento se dê. (LUCKESI, 2003, p. 63).

Interesse, dificuldade ou facilidade em determinadas disciplinas estão diretamente relacionados ao perfil e à conduta do professor responsável por aquela área do saber. Outra questão é se o professor foi capaz de possibilitar ou obstruir o aprendizado e de deixar marcas profundas na performance intelectual de cada aprendente. Os efeitos do período escolar dependerão do incentivo do professor e da práxis utilizada por ele. Qualquer trabalho desenvolvido deixa marcas no indivíduo.

O ensino não se resolve com um único olhar: exige constantes balanços críticos dos conhecimentos produzidos no seu campo (as técnicas, os métodos, as teorias), para deles se apropriar. (PIMENTA; ANASTASIOU, 2002, p. 204).

Por outro lado, percebe-se que infelizmente ainda há um enorme abismo entre a teoria e a prática. Precisa-se transformar as palavras em ação. Isso é o suficiente, pois vontade de mudar já existe. O que falta é ação no educar e atitude por parte do educador.

Masetto (2003) envolvendo alguns dos elementos necessários à práxis pedagógica enfoca que:

O processo de avaliação está integrado ao processo de aprendizagem. Este resulta da inter-relação de, pelo menos, três elementos: o aluno que procura adquirir aprendizagens; o professor, cujo papel é o de colaborar para que o aluno consiga seu intento; e um plano de atividades que apresente condições básicas e suficientes, que, sendo realizados, permitam ao aprendiz atingir seu objetivo. (p.150-151).

O educador do século XXI não deve compactuar com uma prática defasada que faça continuar o mesmo modelo de avaliação de quatro séculos. Que o próximo século registre uma história diferente. Caso não apresente um modelo “novo” de avaliação, que ao menos traga um modelo emergente. (GADOTTI, 2005).

Como o ensino universitário apresenta exigências de caráter legal quanto à assiduidade e conceitos quantitativos (notas), ao professor poucas vezes é concedida a chance de criar ou experimentar outras formas de avaliação. Porém, a avaliação deve ser a ponte que leva ao resultado da aprendizagem sem, contudo ser necessário aplicar um conceito de medida.

AVALIAÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO SUPERIOR

A avaliação da aprendizagem é, sem dúvida, um dos assuntos mais abordados da prática educativa. Seja no ensino superior ou em qualquer outro segmento educacional, familiar, profissional. O ato de avaliar é discutido por ser visto como um dos aspectos mais importantes do trabalho pedagógico. Avaliar ou ser avaliado desperta questionamentos relevantes ao processo de aprendizagem: o que avaliar? Como avaliar? Quem avaliar? De que forma avaliar? Qual instrumento ou técnica utilizar para avaliar? Como serei avaliado? (KALINKE, 1999).

A clareza quanto aos objetivos a serem alcançados e como serão avaliados é de fundamental importância para alunos e professor, para lhes oferecer segurança quanto ao comportamento de ambos: o aluno sabendo onde deverá chegar e que passos deverá percorrer para isso; o professor sabendo quais as aprendizagens a serem obtidas pelo aluno e por meio de que referências poderá perceber se de fato foram ou não atingidas. (MASETTO, 2003, p. 156)

No cenário da educação superior as práticas avaliativas ainda não estão tão diferenciadas do que está posto nas teorias tradicionais. Embora avaliação seja um tema bastante abordado, este fica restrito a teoria, pois na prática a realidade é outra, percebe-se a necessidade de valorizar:

[...] as atividades que se realizam durante o período letivo, e as técnicas avaliativas sejam usadas para ajudar o aluno a aprender e não apenas para classifica-lo em situação de aprovação e desaprovação. (MASETTO, 2003, p. 148).

É comum discussões acerca de mudanças de paradigma, por outro lado, isso requer um esforço maior por parte do professor que ao invés de utilizar-se de instrumentos para a verificação da aprendizagem baseado em teste e prova, utilizará as produções e participações dos aprendentes durante todo processo, afinal, “a avaliação não é um momento, no final do processo de aprendizagem” (PILETTI, 2003, p. 162).

A avaliação da aprendizagem deve ser capaz de buscar o que está intrínseco no aluno no sentido de possibilitar seu crescimento como indivíduo e como integrante de uma sociedade, deve apontar para a inclusão do cidadão num ambiente prazeroso que é o do conhecimento apreendido.

Para Masetto (2003, p. 149) o processo de avaliação tem como característica: “estar integrado ao processo de aprendizagem como um elemento de incentivo e motivação para a aprendizagem”.

Avaliar a aprendizagem deveria servir como uma forma de guiar o processo de ensino, desde que realçado o aspecto positivo da avaliação que seria vivenciada pelo universitário como uma experiência que traz ganhos à sua formação. Camargo (1997) acredita que desta forma a avaliação estará favorecendo o desenvolvimento do aluno (intelectual e social) o que não seria possível enfatizando os aspectos negativos.

Quando a avaliação passa a ser um fato ameaçador, classificatório, de medição se perde no sentido de se ter prazer em aprender. No ensino superior é sinônimo de uma convivência tumultuada entre experiências tradicionais de ordem classificatória e tendências de procedimentos renovadores. De forma geral, os docentes têm dificuldades em serem coerentes quanto ao tipo de avaliação e o aluno torna-se um interlocutor passivo nessa relação conflituosa que se estabelece quanto ao tipo avaliação ao qual é submetido. Sendo assim, questiona-se quais as maneiras de avaliar para a valorização e evolução do aprendizado?

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM X EXAME

O papel da avaliação da aprendizagem é o de auxiliar na construção da aprendizagem propriamente dita. A esse respeito Luckesi (2002) contempla que a avaliação da aprendizagem não deve ser restringida a um exame, e para isso evidencia as principais divergências entre estes:

O exame julga, aprova, reprova, seleciona; a avaliação da aprendizagem vai diagnosticar para atuar na zona que necessita de apoio, ela é dinâmica e inclusiva, se preocupa com o antes, durante e depois. O aluno é um ser em desenvolvimento contínuo, o que interessa é a aprendizagem. O exame pontua, mede o resultado, observa a condição do aluno naquele instante, se ele apreende depois não serve mais e para a avaliação os resultados são provisórios, avalia-se processualmente à medida que o aprendizado vai acontecendo e o aluno se desenvolvendo, observa-se toda a atuação do aluno.

O exame é classificatório, e a avaliação é dinâmica busca o aprendizado. O exame é seletivo, excludente e a avaliação é inclusiva, ela se preocupa com o desenvolvimento do ser dentro do seu processo. O exame é estático, seu nível de aprendizado é definitivo a avaliação se adapta ao aprendizado do aluno, tem uma prática autoritária enquanto a avaliação uma prática dialógica, na qual trocam-se idéias, opiniões, conceitos, com vista à solução de problemas, ao entendimento à comunicação. Portanto entre examinar e avaliar existe características básicas.

Tomando esses dois blocos de características, facilmente percebemos que hoje, na escola, no que se refere a acompanhamento da aprendizagem dos educandos, agimos mais de forma pontual, a partir de desempenho final, classificatória, seletiva e autoritária do que não-pontual, a partir de desempenho provisório, diagnóstica, inclusiva e democrática, o que quer dizer que mais examinamos do que avaliamos. (LUCKESI, 2002, p. 30).

Deste modo a avaliação da aprendizagem visa a autonomia, enquanto o exame prega o autoritarismo. Seguindo a linha de avaliação da aprendizagem, fica explícito que o conceito perde valor, as médias aritméticas deixam de existir e o aprendizado contínuo do aluno ganha espaço. Avaliar é um ato amoroso como aborda Luckesi (2002) e complementa que:

Deste modo, o educador é aquele que acolhe, nutre, sustenta e confronta o educando, tendo em vista oferecer-lhe condições para que construa e siga seu caminho com criatividade e independência. (p. 66).

Partindo desses pressupostos, o educador que tem uma prática voltada à aprendizagem do aluno não utiliza-se do exame e sim da avaliação da aprendizagem, por entender que esta favorece de forma positiva o crescimento do aluno. Como afirma Luckesi (2003, p. 24) “Não é a avaliação que determina a pedagogia, mas sim a pedagogia que configura a avaliação”. A avaliação é um ato indissociável da prática educativa, por este motivo deve-se ter a preocupação em conhecer um pouco mais a seu respeito, os recursos avaliativos que podem ser utilizados, para que não se avalie simplesmente com base em teste e prova, que são recursos mais usados nos exames escolares.

A avaliação da aprendizagem não é e não pode continuar, equivocadamente, sendo a tirana da prática educativa, que ameaça e submete a todos. Basta de confundir avaliação da aprendizagem com exames. A avaliação da aprendizagem, por ser avaliação, é amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva; diversa dos exames, que não são amorosos, mas que são classificatórios, seletivos, excludentes. A avaliação inclui, traz para dentro; os exames selecionam, excluem, marginalizam. (LUCKESI, 2003, p. 31).

Julgar, aprovar e reprovar não deve ser o objetivo da avaliação, mesmo por que isto remete a entender a avaliação e também a aprendizagem como um processo estático: o que não é verdade. De acordo a ótica de Luckesi (2003, p. 28) “a avaliação da aprendizagem no ensino não será um ato pedagógico isolado, mas sim um ato integrado com todas as outras atividades pedagógicas”. Deste modo, avaliação da aprendizagem tem como alicerce as práticas construtivas que vêem o ser humano como um ser em constante evolução, crescimento, desenvolvimento, aprendizagem, enfim, um ser em construção.

A prática da avaliação da aprendizagem, em seu sentido pleno, só será possível na medida em que se estiver efetivamente interessado na aprendizagem do educando, ou seja, há que se estar interessado em que o educando aprenda aquilo que está sendo ensinado. (LUCKESI, 2002, p. 99).

Portanto, a avaliação da aprendizagem precisa ser coerente, servindo de ponte entre o aprendizado, o professor e o aluno, alinhando a edificação de indivíduos capazes de alcançar o objetivo neste processo.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


O discurso é bonito, a atuação deixa a desejar; é fácil pensar, refletir, falar, debater, difícil é agir. Para fazer, precisa ter conhecimento e para mudar é necessário saber como e o que mudar. Nada se transforma sem ação. A forma de avaliar atualmente considerada como um dos instrumentos de que se dispõem, traz males que não estão sendo analisados. Na tentativa de transformar esse processo urge a necessidade da sensibilização para que haja uma mobilização estimulando e fortalecendo a consciência crítica sobre a problemática que a avaliação causa aos alunos.

Um período de aprendizagem não é um fim em si mesmo, mas uma forma de fazer aprender melhor e batalhar para que o fracasso escolar e as desigualdades sejam superados. A explicação sobre as causas da não aprendizagem e do fracasso escolar se encontra exatamente na prática pedagógica que não dá conta de atender à diversidade. O ensino assim, como conseqüentemente a avaliação não deve acontecer de forma a considerar uma classe de alunos como homogênea. Cada indivíduo aprende de uma maneira, tem um tempo particular e sendo assim, um tempo para ser avaliado (considerando a avaliação como processual).

O sistema educacional deve enfatizar uma nova proposta pedagógica, com estratégias inovadoras para lidar com problemas não resolvidos, aprender com experiências, compartilhar saberes e solucionar a problematização da avaliação autoritária e tradicionalista, baseado na melhoria da qualidade da educação, dando ênfase a um processo em busca da construção do conhecimento.

Espera-se muito em breve uma reflexão sobre avaliação com um processo de diálogo interativo visando fazer do indivíduo um ser melhor, mais autônomo, mais participativo, mais crítico, mais criativo, uma avaliação que leve a ação transformadora, não esquecendo da promoção social, de coletividade e da humanização.

É fundamental que se pense o processo avaliativo de forma mais global, caminhando para uma avaliação que conte com a participação de todos os envolvidos, de forma diferente e em diferentes momentos.

REFERÊNCIAS


AQUINO, Júlio Groppa. Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996.

CAMARGO, Alzira Leite Carvalhais. O discurso sobre a avaliação escolar do ponto de vista do aluno. Revista da Faculdade de Educação do Rio de Janeiro, n. 15, fev. 1997.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 29. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

___________. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra, 18. ed. São Paulo, 2001.

GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: ensinar e aprender. São Paulo: Positivo. 2005.

GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1995.

GENTILDE, Paola; ANDRADE, Cristiana. Avaliação nota 10. A Revista do Professor Nova Escola. São Paulo: Abril, ano XVI, n. 147, p. 15-21, nov. 2001.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

HADJI, Charles. Avaliação desmistificada. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.

HOFFMANN, Jussara Maria LERCH. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva construtivista. 30. ed. Porto Alegre: Medição, 2001.

KALINKE, Marco Aurélio. Para não ser um professor do século passado. Curitiba: Expoente, 1999.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

______________. A avaliação da aprendizagem na escola: reelaborando conceitos e recriando a prática.Salvador: Malabares Comunicação e Eventos, 2003.

MASETTO, Marcos Tarciso. Competências pedagógicas do professor universitário. São Paulo: Sammus, 2003.

PELLEGRINI, Denise. Fala, Mestre: um reflexo fiel da escola. A Revista do Professor Nova Escola. São Paulo: Abril, ano XVI, n. 147, p. 23-25, nov. 2001.

PERRENOUD, Philippe. Pedagogia diferenciada: das intenções à ação. Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

______________ . Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens – entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

PILETTI, Nelson. Psicologia educacional. 17. ed. São Paulo: Ática, 2003.

PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Lea das Graças Camargo. Docência no ensino superior. São Paulo: Cortez, 2002. (Coleção Docência em Formação).

VASCONCELOS, Celso dos Santos. Avaliação: superação da lógica classificatória e excludente. 4. ed. São Paulo: Libertad, 1998.

VEIGA, Ilma P. Alencastro (Org). Didática: o ensino e suas relações. 9. ed. Campinas,SP: Papirus, 1996.

[1] Graduada em Administração Geral pela Faculdade UNIBAHIA

[2] Graduada em Normal Superior- Educação Infantil pelas Faculdades Jorge Amado
[3] Conceito baseado na teoria de Wallon: o desenvolvimento do indivíduo entendido de forma integrada, levando em conta os aspectos cognitivo, afetivo e motor (GALVÃO, 1995).

Jan 24, 2007

Paulo Coelho é um escritor que respeito muito pelo simples fato que o considero culto o bastante p/ escrever sobre qualquer tema (tudo mesmo). Li um texto que deixei p/ postar aqui no blog qdo realmente eu tivesse certeza que a autoria é dele. Apenas hoje consegui encontrar 3 sites que afirmam este fato. Eis que agora posto pra vocês. Para os que ainda não gostam da escrita de P Coelho, deixo aqui uma dose homeopática; a 1ª gota que certamente vai ser capaz de transformar (mudar) seus conceitos.



Vejam abaixo o texto de Paulo Coelho que foi publicado hoje em Francês no site do jornal "Le monde". -*-*-*-*

"Obrigado, presidente Bush Obrigado, grande líder George W. Bush. Obrigado por mostrar a todos o perigo que Saddam Hussein representa. Talvez muitos de nós tivéssemos esquecido de que ele utilizou armas químicas contra seu povo, contra os curdos, contra os iranianos. Hussein é um ditador sanguinário, uma das mais claras expressões do mal hoje. Entretanto essa não é a única razão pela qual estou lhe agradecendo. Nos dois primeiros meses de 2003, o sr. foi capaz de mostrar muitas coisas importantes ao mundo, e por isso merece minha gratidão. Assim, recordando um poema que aprendi na infância, quero lhe dizer obrigado. Obrigado por mostrar a todos que o povo turco e seu Parlamento não estão à venda, nem por 26 bilhões de dólares. Obrigado por revelar ao mundo o gigantesco abismo que existe entre a decisão dos governantes e os desejos do povo. Por deixar claro que tanto José María Aznar como Tony Blair não dão a mínima importância e não têm nenhum respeito pelos votos que receberam. Aznar é capaz de ignorar que 90% dos espanhóis estão contra a guerra, e Blair não se importa com a maior manifestação pública na Inglaterra nestes 30 anos mais recentes. Obrigado porque sua perseverança forçou Blair a ir ao Parlamento com um dossiê falsificado, escrito por um estudante há dez anos, e apresentar isso como "provas contundentes recolhidas pelo serviço secreto britânico". Obrigado por fazer com que Colin Powell se expusesse ao ridículo, mostrando ao Conselho de Segurança da ONU algumas fotos que, uma semana depois, foram publicamente contestadas por Hans Blix, o inspetor responsável pelo desarmamento do Iraque. Obrigado porque sua posição fez com que o ministro de Relações Exteriores da França, sr. Dominique de Villepin, em seu discurso contra a guerra, tivesse a honra de ser aplaudido no plenário, honra que, pelo que eu saiba, só tinha acontecido uma vez na história da ONU, por ocasião de um discurso de Nelson Mandela. Obrigado porque, graças aos seus esforços pela guerra, pela primeira vez as nações árabes, geralmente divididas, foram unânimes em condenar uma invasão, durante encontro no Cairo. Obrigado porque, graças à sua retórica afirmando que "a ONU tem uma chance de mostrar sua relevância", mesmo países mais relutantes terminaram tomando posição contra um ataque. Obrigado por sua política exterior ter feito o ministro de Relações Exteriores da Inglaterra, Jack Straw, declarar em pleno século 21 que "uma guerra pode ter justificativas morais" e, ao declarar isso, perder toda a credibilidade. Obrigado por tentar dividir uma Europa que luta pela sua unificação; isso foi um alerta que não será ignorado. Obrigado por ter conseguido o que poucos conseguiram neste século: unir milhões de pessoas, em todos os continentes, lutando pela mesma idéia, embora essa idéia seja oposta à sua. Obrigado por nos fazer de novo sentir que, mesmo que nossas palavras não sejam ouvidas, elas pelo menos são pronunciadas, e isso nos dará mais força no futuro. Obrigado por nos ignorar, por marginalizar todos aqueles que tomaram uma atitude contra sua decisão, pois é dos excluídos o futuro da Terra. Obrigado porque, sem o sr., não teríamos conhecido nossa capacidade de mobilização. Talvez ela não sirva para nada no presente, mas será útil mais adiante. Agora que os tambores da guerra parecem soar de maneira irreversível, quero fazer minhas as palavras de um antigo rei europeu a um invasor: "Que sua manhã seja linda, que o sol brilhe nas armaduras de seus soldados, porque durante a tarde eu o derrotarei". Obrigado por permitir a todos nós, um exército de anônimos que passeiam pelas ruas tentando parar um processo já em marcha, tomarmos conhecimento do que é a sensação de impotência, aprendermos a lidar com ela e a transformá-la. Portanto, aproveite sua manhã e o que ela ainda pode trazer de glória. Obrigado porque não nos escutastes e não nos levaste a sério. Pois saiba que nós o escutamos e não esqueceremos suas palavras. Obrigado, grande líder George W. Bush. Muito obrigado. "
Paulo Coelho

Jan 14, 2007



ABORTO: O QUE VC PENSA SOBRE??

Olho para uma criança e penso como pode um ser humano ser capaz de tirar uma vida? Amo crianças e deixando hipocrisias de lado, ABORTAR OU NÃO ABORTAR , não seria esta a questão! Que sexo faz parte da vida de todo pobre mortal, que transar é muito bom, isso todos sabem...Mas pq será q não lembram que durante esse ato tão gostoso, cheio de prazer, de êxtase, uma criança pode ser gerada?? A solução é simples...E está à venda nas farmácias e, inclusive nos mercados: CAMISINHA... Esta é uma das enumeras maneiras de evitar uma gravidez indesejada, ou na pior das hipóteses, UM ABORTO. Não ficarei escrevendo coisas do tipo "sou a favor' "sou contra" o aborto. Apenas deixo um texto q li e achei interesante. Independente da religião o ABORTO é um caso deve ser pensado, refletido, pesado. No texto q segue Madre Teresa de Calcutá aborda este tema citando ações q envolve o não aborto. Vale a pena ler....E refletir.
Madre Teresa de Calcutá fala sobre o aborto
Washington, DC, 03/02/1994

(...) Eu sinto que o grande destruidor da paz hoje é o aborto, porque é uma guerra contra a criança, uma matança direta de crianças inocentes, assassinadas pela própria mãe.
E se nós aceitamos que uma mãe pode matar até mesmo seu próprio filho, como é que nós podemos dizer às outras pessoas para não se matarem? Como é que nós persuadimos uma mulher a não fazer o aborto? Como sempre, nós devemos persuadi-la com amor e nós devemos nos lembrar que amor significa estar disposto a doar-se até que machuque. Jesus deu Sua vida por amor de nós. Assim, a mãe que pensa em abortar, deve ser ajudada a amar, ou seja, a doar-se até que machuque seus planos, ou seu tempo livre, para respeitar a vida de seu filho. O pai desta criança, quem quer que ele seja, deve também doar-se até que machuque.
Através do aborto, a mãe não aprende a amar, mas mata seu próprio filho para resolver seus problemas.
E, através do aborto, diz-se ao pai que ele não tem que ter nenhuma responsabilidade pela criança que ele trouxe ao mundo. Este pai provavelmente vai colocar outras mulheres na mesma situação. Logo, o aborto apenas traz mais aborto.
Qualquer país que aceite o aborto não está ensinando o seu povo a amar, mas a usar de qualquer violência para conseguir o que se quer. É por isso que o maior destruidor do amor e da paz é o aborto.
Muitas pessoas são muito, muito preocupadas com as crianças da Índia, com as crianças da África onde muitas delas morrem de fome, etc. Muitas pessoas também são preocupadas com toda a violência nos Estados Unidos. Estas preocupações são muito boas. Mas freqüentemente estas mesmas pessoas não estão preocupadas com os milhões que estão sendo mortos pela decisão deliberada de suas próprias mães. E isto é que é o maior destruidor da paz hoje — o aborto que coloca as pessoas em tal cegueira.
E por causa disto eu apelo na Índia e apelo em todo lugar — “Vamos resgatar a criança.” A criança é o dom de Deus para a família. Cada criança é criada à imagem e semelhança de Deus para grandes coisas — para amar e ser amada. Neste ano da família nós devemos trazer a criança de volta ao centro de nosso cuidado e preocupação. Esta é a única maneira pela qual nosso mundo pode sobreviver porque nossas crianças são a única esperança do futuro. Quando as pessoas mais velhas são chamadas para Deus, somente seus filhos podem tomar seus lugares.
Mas o que Deus diz para nós? Ele diz: “Mesmo se a mãe se esquecer de seu filho, Eu jamais te esquecerei. Eu gravei seu nome na palma de minha mão.” (Is 49). Nós estamos gravados na palma da mão de Deus; aquela criança que ainda não nasceu está gravada na mão de Deus desde a concepção e é chamada por Deus a amar e ser amada, não somente nesta vida, mas para sempre. Deus jamais se esquece de nós.
Eu vou lhe contar uma coisa bonita. Nós estamos lutando contra o aborto pela adoção — tomando conta da mãe e da adoção de seu bebê. Nós temos salvo milhares de vidas. Nós mandamos a mensagem para as clínicas, para os hospitais e estações policiais: “Por favor não destrua a criança, nós ficaremos com ela.” Nós sempre temos alguém para dizer para as mães em dificuldade: “Venha, nós tomaremos conta de você, nós conseguiremos um lar para seu filho”. E nós temos uma enorme demanda de casais que não podem ter um filho — mas eu nunca dou uma criança para um casal que tenha feito algo para não ter um filho. Jesus disse, “Aquele que recebe uma criança em meu nome, a mim recebe.” Ao adotar uma criança, estes casais recebem Jesus mas, ao abortar uma criança, um casal se recusa a receber Jesus.
Por favor não mate a criança. Eu quero a criança. Por favor me dê a criança. Eu estou disposta a aceitar qualquer criança que estiver para ser abortada e dar esta criança a um casal que irá amar a criança e ser amado por ela.
Só de nosso lar de crianças em Calcutá, nós salvamos mais de 3000 crianças do aborto. Estas crianças trouxeram tanto amor e alegria para seus pais adotivos e crescem tão cheias de amor e de alegria.
Eu sei que os casais têm que planejar sua família e para isto existe o planejamento familiar natural.
A forma de planejar a família é o planejamento familiar natural, não a contracepção.
Ao destruir o poder de dar a vida, através da contracepção, um marido ou esposa está fazendo algo para si mesmo. Atrai a atenção para si e assim destrói o dom do amor nele ou nela. Ao amar, o marido e mulher devem voltar a atenção entre si como acontece no planejamento familiar natural, e não para si mesmo, como acontece na contracepção. Uma vez que o amor vivo é destruído pela contracepção, facilmente segue-se o aborto.
Eu sei também que existem enormes problemas no mundo — que muitos esposos não se amam o suficiente para praticar o planejamento familiar natural. Nós não temos condições de resolver todos os problemas do mundo, mas não vamos trazer o pior problema de todos, que é a destruição do amor. E isto é o que acontece quando dizemos `as pessoas para praticarem a contracepção e o aborto.
Os pobres são grandes pessoas. Eles podem nos ensinar tantas coisas belas. Uma vez uma delas veio nos agradecer por ensinar-lhe o planejamento familiar natural e disse: “Vocês que praticam a castidade, vocês são as melhores pessoas para nos ensinar o planejamento familiar natural porque não é nada mais que um autocontrole por amor de um ao outro.” E o que esta pobre pessoa disse é a pura verdade. Estas pessoas pobres talvez não tenham algo para comer, talvez não tenham uma casa para morar, mas eles ainda podem ser ótimas pessoas quando são espiritualmente ricos.
Quando eu tiro uma pessoa da rua, faminto, eu dou-lhe um prato de arroz, um pedaço de pão. Mas uma pessoa que é excluída, que se sente não desejada, mal amada, aterrorizada, a pessoa que foi colocada para fora da sociedade — esta pobreza espiritual é muito mais difícil de vencer. E o aborto, que com freqüência vem da contracepção, faz uma pessoa se tornar pobre espiritualmente, e esta é a pior pobreza e a mais difícil de vencer.
Nós não somos assistentes sociais. Nós podemos estar fazendo trabalho de assistência social aos olhos de algumas pessoas, mas nós devemos ser contemplativas no coração do mundo. Pois estamos tocando no corpo de Cristo e estamos sempre em Sua presença.
Você também deve trazer esta presença de Deus para sua família, pois a família que reza unida, permanece unida.
Existe tanto ódio, tanta miséria, e nós com nossas orações, com nosso sacrifício, estamos começando em casa. O amor começa em casa, e não se trata do quanto nós fazemos, mas quanto amor colocamos naquilo que fazemos.
Se somos contemplativas no coração do mundo com todos os seus problemas, estes problemas jamais podem nos desencorajar. Nós devemos nos lembrar o que Deus fala na Escritura: “Mesmo se a mãe esquecer-se do filho que amamenta — algo impossível, mesmo se ela o esquecesse — Eu não te esqueceria nunca.”
E aqui estou eu falando com vocês. Eu desejo que vocês encontrem os pobres daqui, na sua própria casa primeiro. E comece a amar ali. Seja a boa nova para o seu próprio povo primeiro. E descubra sobre o seu vizinho ao lado. Você sabe quem são eles?
Deus jamais nos esquecerá e sempre existe algo que você e eu podemos fazer. Nós podemos manter a alegria do amor de Jesus em nossos corações, e partilhar esta alegria com todos aqueles de quem nos aproximarmos.
Vamos insistir que — cada criança não seja indesejada, mal amada, mal cuidada, ou morta e jogada fora. E doe-se até que machuque — com um sorriso.
Porque eu falo muito sobre doar-se com um sorriso nos lábios, uma vez um professor dos Estados Unidos me perguntou: “Você é casada?” E eu disse: “Sim, e algumas vezes eu acho difícil sorrir para meu esposo, Jesus, porque Ele pode ser muito exigente — algumas vezes.” Isto é mesmo algo verdadeiro.
E é aí que entra o amor — quando exige de nós, e ainda assim podemos dar com alegria.
Se nos lembrarmos que Deus nos ama, e que nós podemos amar os outros como Ele nos ama, então a América pode se tornar um sinal de paz para o mundo. Daqui deve sair para o mundo, um sinal de cuidado para o mais fraco dos fracos — a futura criança. Se vocês se tornarem uma luz ardente de justiça e paz no mundo, então vocês serão verdadeiramente aquilo pelo qual os fundadores deste país lutaram. Deus vos abençoe!

Fonte: Frente Católica de Combate ao Aborto - http://webtec.cebinet.com.br/fcca/siteFCCA.htm

Jan 8, 2007

Este texto acabei de receber de uma professora que admiro muito... Sempre recebo
mensagns interessantes, por isso quando recebo um e-mail dela leio imediatamente. Ivonete, a referida professora, mandou este texto que é uma carta de desabafo de Rodrigo Viana (ex Rede Globo), a qual achei ser interessante ser publicada. Sei que as eleições já aconteceram e que Lula foi eleito, mas sempre é tempo de uma crítica construtiva. Espero que todos possam ler e refletir sobre o que acontece diariamente na vida de todos os brasileiros, telespectadores ou não.

LEALDADE

Quando entrei na TV Globo, os amigos, os antigos colegas de Faculdade, diziam: "você não vai agüentar nem um ano naquela TV que manipula eleições, fatos, cérebros". Agüentei doze anos. E vou dizer: costumava contar a meus amigos que na Globo fazíamos - sim - bom jornalismo. Havia, ao menos, um esforço nessa direção.Na última década, em debates nas universidades, ou nas mesas de bar, a cada vez que me perguntavam sobre manipulação e controle político na Globo, eu costumava dizer: "olha, isso é coisa do passado; esse tempo ficou pra trás".Isso não era só um discurso. Acompanhei de perto a chegada de Evandro Carlos de Andrade ao comando da TV, e a tentativa dele de profissionalizar nosso trabalho. Jornalismo comunitário, cobertura política - da qual participei de 98 a 2006. Matérias didáticas sobre o voto, sobre a democracia. Cobertura factual das eleições, debates. Pode parecer bobagem, mas tive orgulho de participar desse momento de virada no Jornalismo da Globo. Parecia uma virada. Infelizmente, a cobertura das eleições de 2006 mostrou que eu havia me iludido. O que vivemos aqui entre setembro e outubro de 2006 não foi ficção. Aconteceu. Pode ser que algum chefe queira fazer abaixo-assinado para provar que não aconteceu. Mas, é ruim, hem!
Quando cheguei à TV Globo, em 1995, eu tinha mais cabelo, mais esperança, e também mais ilusões. Perdi boa parte do primeiro e das últimas. A esperança diminuiu, mas sobrevive. Esperança de fazer jornalismo que sirva pra transformar - ainda que de forma modesta e pontual. Infelizmente, está difícil continuar cumprindo esse compromisso aqui na Globo. Por isso, estou indo embora.
Quando entrei na TV Globo, os amigos, os antigos colegas de Faculdade, diziam: "você não vai agüentar nem um ano naquela TV que manipula eleições, fatos, cérebros". Agüentei doze anos. E vou dizer: costumava contar a meus amigos que na Globo fazíamos - sim - bom jornalismo. Havia, ao menos, um esforço nessa direção.
Na última década, em debates nas universidades, ou nas mesas de bar, a cada vez que me perguntavam sobre manipulação e controle político na Globo, eu costumava dizer: "olha, isso é coisa do passado; esse tempo ficou pra trás".
Isso não era só um discurso. Acompanhei de perto a chegada de Evandro Carlos de Andrade ao comando da TV, e a tentativa dele de profissionalizar nosso trabalho. Jornalismo comunitário, cobertura política - da qual participei de 98 a 2006. Matérias didáticas sobre o voto, sobre a democracia. Cobertura factual das eleições, debates. Pode parecer bobagem, mas tive orgulho de participar desse momento de virada no Jornalismo da Globo.
Parecia uma virada. Infelizmente, a cobertura das eleições de 2006 mostrou que eu havia me iludido. O que vivemos aqui entre setembro e outubro de 2006 não foi ficção. Aconteceu.
Pode ser que algum chefe queira fazer abaixo-assinado para provar que não aconteceu. Mas, é ruim, hem!
Intervenção minuciosa em nossos textos, trocas de palavras a mando de chefes, entrevistas de candidatos (gravadas na rua) escolhidas a dedo, à distância, por um personagem quase mítico que paira sobre a Redação: "o fulano (e vocês sabem de quem estou falando) quer esse trecho; o fulano quer que mude essa palavra no texto". Tudo isso aconteceu. E nem foi o pior. Na reta final do primeiro turno, os "aloprados do PT" aprontaram; e aloprados na chefia do jornalismo global botaram por terra anos de esforço para construir um novo tipo de trabalho aqui. Ao lado de um grupo de colegas, entrei na sala de nosso chefe em São Paulo, no dia 18 de setembro, para reclamar da cobertura e pedir equilíbrio nas matérias: "por que não vamos repercutir a matéria da "Istoé", mostrando que a gênese dos sanguessugas ocorreu sob os tucanos? Por que não vamos a Piracicaba, contar quem é Abel Pereira? " Por que isso, por que aquilo... Nenhuma resposta convincente. E uma cobertura desastrosa. Será que acharam que ninguém ia perceber? Quando, no JN, chamavam Gedimar e Valdebran de "petistas" e, ao mesmo tempo, falavam de Abel Pereira como empresário ligado a um ex-ministro do "governo anterior", acharam que ninguém ia achar estranho? Faltando seis dias para o primeiro turno, o "petista" Humberto Costa foi indiciado pela PF. No caso dos vampiros. O fato foi parar em manchete no JN, e isso era normal. O anormal é que, no mesmo dia, esconderam o nome de Platão, ex-assessor do ministério na época de Serra/Barjas Negri. Os chefes sabiam da existência de Platão, pediram a produtores pra checar tudo sobre ele, mas preferiram não dar. Que jornalismo é esse, que poupa e defende Platão, mas detesta Freud! Deve haver uma explicação psicanalítica para jornalismo tão seletivo!", intervenção minuciosa em nossos textos, trocas de palavras a mando de chefes, entrevistas de candidatos (gravadas na rua) escolhidas a dedo, à distância, por um personagem quase mítico que paira sobre a Redação: "o fulano (e vocês sabem de quem estou falando) quer esse trecho; o fulano quer que mude essa palavra no texto".
Tudo isso aconteceu. E nem foi o pior.
Na reta final do primeiro turno, os "aloprados do PT" aprontaram; e aloprados na chefia do jornalismo global botaram por terra anos de esforço para construir um novo tipo de trabalho aqui.
Ao lado de um grupo de colegas, entrei na sala de nosso chefe em São Paulo, no dia 18 de setembro, para reclamar da cobertura e pedir equilíbrio nas matérias: "por que não vamos repercutir a matéria da "Istoé", mostrando que a gênese dos sanguessugas ocorreu sob os tucanos? Por que não vamos a Piracicaba, contar quem é Abel Pereira? "
Por que isso, por que aquilo... Nenhuma resposta convincente. E uma cobertura desastrosa. Será que acharam que ninguém ia perceber?
Quando, no JN, chamavam Gedimar e Valdebran de "petistas" e, ao mesmo tempo, falavam de Abel Pereira como empresário ligado a um ex-ministro do "governo anterior", acharam que ninguém ia achar estranho?
Faltando seis dias para o primeiro turno, o "petista" Humberto Costa foi indiciado pela PF. No caso dos vampiros. O fato foi parar em manchete no JN, e isso era normal. O anormal é que, no mesmo dia, esconderam o nome de Platão, ex-assessor do ministério na época de Serra/Barjas Negri. Os chefes sabiam da existência de Platão, pediram a produtores pra checar tudo sobre ele, mas preferiram não dar. Que jornalismo é esse, que poupa e defende Platão, mas detesta Freud! Deve haver uma explicação psicanalítica para jornalismo tão seletivo!
\nAh, sim, Freud. Elio Gaspari chegou a pedir desculpas em nome dos jornalistas ao tal Freud Godoy. O cara pode ter muitos pecados. Mas, o que fizemos na véspera da eleição foi incrível: matéria mostrando as "suspeitas", e apontando o dedo para a sala onde ele trabalhava, bem próximo à sala do presidente... A mensagem era clara. Mas, quando a PF concluiu que não havia nada contra ele, o principal telejornal da Globo silenciou antes da eleição.\nNão vi matérias mostrando as conexões de Platão com Serra, com os tucanos.\nTambém não vi (antes do primeiro turno) reportagens mostrando quem era Abel Pereira, quem era Barjas Negri, e quais eram as conexões deles com PSDB. Mas vi várias matérias ressaltando os personagens petistas do escândalo. E, vejam: ninguém na Redação queria poupar os petistas (eu cobri durante meses o caso Santo André; eram matérias desfavoráveis a Lula e ao PT, nunca achei que não devêssemos fazer; seria o fim da picada...). O que pedíamos era isonomia. Durante duas semanas, às vésperas do primeiro turno, a Globo de São Paulo designou dois repórteres para acompanhar o caso dossiê: um em São Paulo, outro em Cuiabá. Mas, nada de Piracicaba, nada de Barjas.! Um colega nosso chegou a produzir, de forma precária, por telefone (vejam, bem, por telefone! Uma TV como a Globo fazer reportagem por telefone), reportagem com perfil do Abel. Foi editada, gerada para o Rio. Nunca foi ao ar! Os telespectadores da Globo nunca viram Serra e os tucanos entregando ambulâncias cercados pelos deputados sanguessugas. Era o que estava na tal fita do "dossiê". Outras TVs mostraram o vídeo, a internet mostrou. A Globo, não. Provava alguma coisa contra Serra? Não. Ele não era obrigado a saber das falcatruas de deputados do baixo clero. Mas, por que demos o gabinete de Freud pertinho de Lula, e não demos Serra com sanguessugas?"Ah, sim, Freud. Elio Gaspari chegou a pedir desculpas em nome dos jornalistas ao tal Freud Godoy. O cara pode ter muitos pecados. Mas, o que fizemos na véspera da eleição foi incrível: matéria mostrando as "suspeitas", e apontando o dedo para a sala onde ele trabalhava, bem próximo à sala do presidente... A mensagem era clara. Mas, quando a PF concluiu que não havia nada contra ele, o principal telejornal da Globo silenciou antes da eleição.
Não vi matérias mostrando as conexões de Platão com Serra, com os tucanos.
Também não vi (antes do primeiro turno) reportagens mostrando quem era Abel Pereira, quem era Barjas Negri, e quais eram as conexões deles com PSDB. Mas vi várias matérias ressaltando os personagens petistas do escândalo. E, vejam: ninguém na Redação queria poupar os petistas (eu cobri durante meses o caso Santo André; eram matérias desfavoráveis a Lula e ao PT, nunca achei que não devêssemos fazer; seria o fim da picada...).
O que pedíamos era isonomia. Durante duas semanas, às vésperas do primeiro turno, a Globo de São Paulo designou dois repórteres para acompanhar o caso dossiê: um em São Paulo, outro em Cuiabá. Mas, nada de Piracicaba, nada de Barjas.!
Um colega nosso chegou a produzir, de forma precária, por telefone (vejam, bem, por telefone! Uma TV como a Globo fazer reportagem por telefone), reportagem com perfil do Abel. Foi editada, gerada para o Rio. Nunca foi ao ar!
Os telespectadores da Globo nunca viram Serra e os tucanos entregando ambulâncias cercados pelos deputados sanguessugas. Era o que estava na tal fita do "dossiê". Outras TVs mostraram o vídeo, a internet mostrou. A Globo, não. Provava alguma coisa contra Serra? Não. Ele não era obrigado a saber das falcatruas de deputados do baixo clero. Mas, por que demos o gabinete de Freud pertinho de Lula, e não demos Serra com sanguessugas?
E o caso gravíssimo das perguntas para o Serra? Ouvi, de pelo menos 3 pessoas diretamente envolvidas com o SP-TV Segunda Edição, que as perguntas para o Serra, na entrevista ao vivo no jornal, às vésperas do primeiro turno, foram rigorosamente selecionadas. Aquele diretor (aquele, vocês sabem quem) teria mandado cortar todas as perguntas "desagradáveis". A equipe do jornal ficou atônita. Entrevistas com os outros candidatos tinham sido duras, feitas com liberdade. Com o Serra, teria havido, deliberadamente, a intenção de amaciar. E isso era um segredo de polichinelo. Muita gente ouviu essa história pelos corredores... E as fotos da grana dos aloprados? Tínhamos que publicar? Claro. Mas, porque não demos a história completa? Os colegas que estavam na PF naquele dia (15 de setembro), tinham a gravação, mostrando as circunstâncias em que o delegado vazara as fotos. Justiça seja feita: sei que eles (repórter e produtor) queriam dar a matéria completa - as fotos, e as circunstâncias do vazamento. Podiam até proteger a fonte, mas escancarando o que são os bastidores de uma campanha no Brasil. Isso seria fazer jornalismo, expor as entranhas do poder. Mais uma vez, fomos seletivos: as fotos mostradas com estardalhaço. A fita do delegado, essa sumiu! Aquele diretor, aquele que controla cada palavra dos textos de política, disse que só tomou conhecimento do conteúdo da fita no dia seguinte. Quer que a gente acredite?\nPor que nunca mostraram o conteúdo da fita do delegado no JN?
E o caso gravíssimo das perguntas para o Serra? Ouvi, de pelo menos 3 pessoas diretamente envolvidas com o SP-TV Segunda Edição, que as perguntas para o Serra, na entrevista ao vivo no jornal, às vésperas do primeiro turno, foram rigorosamente selecionadas. Aquele diretor (aquele, vocês sabem quem) teria mandado cortar todas as perguntas "desagradáveis". A equipe do jornal ficou atônita. Entrevistas com os outros candidatos tinham sido duras, feitas com liberdade. Com o Serra, teria havido, deliberadamente, a intenção de amaciar.
E isso era um segredo de polichinelo. Muita gente ouviu essa história pelos corredores...
E as fotos da grana dos aloprados? Tínhamos que publicar? Claro. Mas, porque não demos a história completa? Os colegas que estavam na PF naquele dia (15 de setembro), tinham a gravação, mostrando as circunstâncias em que o delegado vazara as fotos. Justiça seja feita: sei que eles (repórter e produtor) queriam dar a matéria completa - as fotos, e as circunstâncias do vazamento. Podiam até proteger a fonte, mas escancarando o que são os bastidores de uma campanha no Brasil. Isso seria fazer jornalismo, expor as entranhas do poder.
Mais uma vez, fomos seletivos: as fotos mostradas com estardalhaço. A fita do delegado, essa sumiu!
Aquele diretor, aquele que controla cada palavra dos textos de política, disse que só tomou conhecimento do conteúdo da fita no dia seguinte. Quer que a gente acredite?
Por que nunca mostraram o conteúdo da fita do delegado no JN?
O JN levou um furo, foi isso? Um colega nosso, aqui da Globo ouviu a fita e botou no site pessoal dele... Mas, a Globo não pôs no ar... O portal "G-1" botou na íntegra a fita do delegado, dias depois de a "CartaCapital" ter dado o caso. Era noticia? Para o portal das Organizações Globo, era.\nPor que o JN não deu no dia 29 de setembro? Levou um furo? Não. Furada foi a cobertura da eleição. Infelizmente. E, pra terminar, aquele episódio lamentável do abaixo-assinado, depois das matérias da "CartaCapital". Respeito os colegas que assinaram. Alguns assinaram por medo, outros por convicção. Mas, o fato é que foi um abaixo-assinado em defesa da Globo, apresentado por chefes! Pensem bem. Imaginem a seguinte hipótese: a revista "Quatro Rodas" dá matéria falando mal da suspensão de um carro da Volkswagen, acusando a empresa de deliberadamente não tomar conhecimento dos problemas. Aí, como resposta, os diretores da Volks têm a brilhante idéia de pedir aos metalúrgicos pra assinar um manifesto em defesa da empresa! O que vocês acham? Os metalúrgicos mandariam a direção da fábrica catar coquinho em Berlim!\nAqui, na Globo, muitos preferiram assinar. Por isso, talvez, tenhamos um metalúrgico na Presidência da República, enquanto os jornalistas ficaram falando sozinhos nessa eleição...

O JN levou um furo, foi isso?
Um colega nosso, aqui da Globo ouviu a fita e botou no site pessoal dele... Mas, a Globo não pôs no ar... O portal "G-1" botou na íntegra a fita do delegado, dias depois de a "CartaCapital" ter dado o caso. Era noticia? Para o portal das Organizações Globo, era.
Por que o JN não deu no dia 29 de setembro? Levou um furo?
Não. Furada foi a cobertura da eleição. Infelizmente.
E, pra terminar, aquele episódio lamentável do abaixo-assinado, depois das matérias da "CartaCapital". Respeito os colegas que assinaram. Alguns assinaram por medo, outros por convicção. Mas, o fato é que foi um abaixo-assinado em defesa da Globo, apresentado por chefes!
Pensem bem. Imaginem a seguinte hipótese: a revista "Quatro Rodas" dá matéria falando mal da suspensão de um carro da Volkswagen, acusando a empresa de deliberadamente não tomar conhecimento dos problemas. Aí, como resposta, os diretores da Volks têm a brilhante idéia de pedir aos metalúrgicos pra assinar um manifesto em defesa da empresa! O que vocês acham? Os metalúrgicos mandariam a direção da fábrica catar coquinho em Berlim!
Aqui, na Globo, muitos preferiram assinar. Por isso, talvez, tenhamos um metalúrgico na Presidência da República, enquanto os jornalistas ficaram falando sozinhos nessa eleição...
A justificativa: IBGE (e, portanto, o Estado brasileiro) usa essa nomenclatura. Problema do IBGE. Eu me recuso a entrar nessa. Delegados de policia (representantes do Estado) costumavam (até bem pouco tempo) tratar companheiras (mesmo em relações estáveis) como "concubinas" ou "amásias". Nunca usamos esses termos! Árabes que chegaram ao Brasil no início do século passado eram chamados de "turcos" pelas autoridades (o passaporte era do Império Turco Otomano, por isso a nomenclatura). Por causa disso, jornalistas deviam chamar libaneses de turcos? Daqui a pouco, a Globo vai pedir para que chamemos a Parada Gay de "Parada dos Pederastas". Francamente, não tenho mais estômago.\nMas, também, o que esperar de uma Redação que é dirigida por alguém que defende a cobertura feita pela Globo na época das Diretas? Respeito a imensa maioria dos colegas que ficam aqui. Tenho certeza que vão continuar se esforçando pra fazer bom Jornalismo. Não será fácil a tarefa de vocês. Olhem no ar. Ouçam os comentaristas. As poucas vozes dissonantes sumiram. Franklin Martins foi afastado. Do Bom dia Brasil ao JG, temos um desfile de gente que está do mesmo lado. Mas sabem o que me deixou preocupado mesmo? O texto do João Roberto Marinho depois das eleições.
De resto, está difícil continuar fazendo jornalismo numa emissora que obriga repórteres a chamarem negros de "pretos e pardos". Vocês já viram isso no ar? Sinto vergonha...
A justificativa: IBGE (e, portanto, o Estado brasileiro) usa essa nomenclatura. Problema do IBGE. Eu me recuso a entrar nessa. Delegados de policia (representantes do Estado) costumavam (até bem pouco tempo) tratar companheiras (mesmo em relações estáveis) como "concubinas" ou "amásias". Nunca usamos esses termos!
Árabes que chegaram ao Brasil no início do século passado eram chamados de "turcos" pelas autoridades (o passaporte era do Império Turco Otomano, por isso a nomenclatura). Por causa disso, jornalistas deviam chamar libaneses de turcos?
Daqui a pouco, a Globo vai pedir para que chamemos a Parada Gay de "Parada dos Pederastas". Francamente, não tenho mais estômago.
Mas, também, o que esperar de uma Redação que é dirigida por alguém que defende a cobertura feita pela Globo na época das Diretas?
Respeito a imensa maioria dos colegas que ficam aqui. Tenho certeza que vão continuar se esforçando pra fazer bom Jornalismo. Não será fácil a tarefa de vocês.
Olhem no ar. Ouçam os comentaristas. As poucas vozes dissonantes sumiram. Franklin Martins foi afastado. Do Bom dia Brasil ao JG, temos um desfile de gente que está do mesmo lado.
Mas sabem o que me deixou preocupado mesmo? O texto do João Roberto Marinho depois das eleições.
Ele comemorou a reação (dando a entender que foi absolutamente espontânea; será que disseram isso pra ele? Será que não contaram a ele do mal-estar na Redação de São Paulo?) de jornalistas em defesa da cobertura da Globo: "(...)diante de calúnias e infâmias, reagem, não com dúvidas ou incertezas, mas com repúdio e indignação. Chamo isso de lealdade e confiança".\nEntendi. Ele comemora que não haja dúvidas e incertezas... Faz sentido. Incerteza atrapalha fechamento de jornal. Incerteza e dúvida são palavras terríveis. Devem ser banidas. Como qualquer um que diga que há racismo - sim - no Brasil. E vejam o vocabulário: "lealdade e confiança". Organizações ainda hoje bem populares na Itália costumam usar esse jargão da "lealdade". Caro João, você talvez nem saiba direito quem eu sou. \nMas, gostaria de dizer a você que lealdade devemos ter com princípios, e com a sociedade. A Globo, infelizmente, não foi "leal" com o público. Nem com os jornalistas.Vai pagar o preço por isso. É saudável que pague. Em nome da democracia! João, da família Marinho, disse mais no brilhante comunicado interno: "Pude ter certeza absoluta de que os colaboradores da Rede Globo sabem que podem e devem discordar das decisões editoriais no trabalho cotidiano que levam à feitura de nossos telejornais, porque o bom jornalismo é sempre resultado de muitas cabeças pensando".

Ele comemorou a reação (dando a entender que foi absolutamente espontânea; será que disseram isso pra ele? Será que não contaram a ele do mal-estar na Redação de São Paulo?) de jornalistas em defesa da cobertura da Globo:
"(...)diante de calúnias e infâmias, reagem, não com dúvidas ou incertezas, mas com repúdio e indignação. Chamo isso de lealdade e confiança".
Entendi. Ele comemora que não haja dúvidas e incertezas... Faz sentido. Incerteza atrapalha fechamento de jornal. Incerteza e dúvida são palavras terríveis. Devem ser banidas. Como qualquer um que diga que há racismo - sim - no Brasil.
E vejam o vocabulário: "lealdade e confiança". Organizações ainda hoje bem populares na Itália costumam usar esse jargão da "lealdade".
Caro João, você talvez nem saiba direito quem eu sou.
Mas, gostaria de dizer a você que lealdade devemos ter com princípios, e com a sociedade. A Globo, infelizmente, não foi "leal" com o público. Nem com os jornalistas.Vai pagar o preço por isso. É saudável que pague. Em nome da democracia!
João, da família Marinho, disse mais no brilhante comunicado interno:
"Pude ter certeza absoluta de que os colaboradores da Rede Globo sabem que podem e devem discordar das decisões editoriais no trabalho cotidiano que levam à feitura de nossos telejornais, porque o bom jornalismo é sempre resultado de muitas cabeças pensando".
Caro João, em que planeta você vive? Várias cabeças? Nunca, nem na ditadura (dizem-me os companheiros mais antigos) tivemos na Globo um jornalismo tão centralizado, a tal ponto que os repórteres trabalham mais como bonecos de ventríloquos, especialmente na cobertura política! Cumpro agora um dever de lealdade: informo-lhe que, passadas as eleições, quem discordou da linha editorial da casa foi posto na "geladeira". Foi lamentável, caro João. Você devia saber como anda o ânimo da Redação - especialmente em São Paulo. Boa parte dos seus "colaboradores" (você, João, aprendeu direitinho o vocabulário ideológico dos consultores e tecnocratas - "colaboradores", essa é boa... Eu não sou colaborador, coisa nenhuma! Sou jornalista!) está triste e ressabiada com o que se passou. Mas, isso tudo tem pouca importância. Grave mesmo é a tela da Globo - no Jornalismo, especialmente - não refletir a diversidade social e política brasileira. Nos anos 90, houve um ensaio, um movimento em direção à pluralidade. Já abortado. Será que a opção é consciente? Isso me lembra a Igreja Católica, que sob Ratzinger preferiu expurgar o braço progressista. Fez uma opção deliberada: preferiram ficar menores, porém mais coesos ideologicamente. Foi essa a opção de Ratzinger. Será essa a opção dos Marinho? Depois, não sabem porque os protestantes crescem...


Caro João, em que planeta você vive? Várias cabeças? Nunca, nem na ditadura (dizem-me os companheiros mais antigos) tivemos na Globo um jornalismo tão centralizado, a tal ponto que os repórteres trabalham mais como bonecos de ventríloquos, especialmente na cobertura política!
Cumpro agora um dever de lealdade: informo-lhe que, passadas as eleições, quem discordou da linha editorial da casa foi posto na "geladeira". Foi lamentável, caro João. Você devia saber como anda o ânimo da Redação - especialmente em São Paulo.
Boa parte dos seus "colaboradores" (você, João, aprendeu direitinho o vocabulário ideológico dos consultores e tecnocratas - "colaboradores", essa é boa... Eu não sou colaborador, coisa nenhuma! Sou jornalista!) está triste e ressabiada com o que se passou.
Mas, isso tudo tem pouca importância.
Grave mesmo é a tela da Globo - no Jornalismo, especialmente - não refletir a diversidade social e política brasileira. Nos anos 90, houve um ensaio, um movimento em direção à pluralidade. Já abortado. Será que a opção é consciente?
Isso me lembra a Igreja Católica, que sob Ratzinger preferiu expurgar o braço progressista. Fez uma opção deliberada: preferiram ficar menores, porém mais coesos ideologicamente. Foi essa a opção de Ratzinger. Será essa a opção dos Marinho?
Depois, não sabem porque os protestantes crescem...
Eu, que não sou católico nem protestante, fico apenas preocupado por ver uma concessão pública ser usada dessa maneira! Mas, essa é também uma carta de despedida, sentimental. Por isso, peço licença pra falar de lembranças pessoais. Foram quase doze anos de Globo. Quando entrei na TV, em 95, lá na antiga sede da praça Marechal, havia a Toninha - nossa mendiga de estimação, debaixo do viaduto. Os berros que ela dava em frente à entrada da TV traziam uma dimensão humana ao ambiente, lembravam-nos da fragilidade de todos nós, de como nossa razão pode ser frágil. Havia o João Paulada - o faz-tudo da Redação. Havia a moça do cafezinho (feito no coador, e entregue em garrafas térmicas), a tia dos doces... Era um ambiente mais caseiro, menos pomposo. Hoje, na hora de dizer tchau, sinto saudade de tudo aquilo. Havia bares sujos, pessoas simples circulando em volta de todos nós - nas ruas, no Metrô, na padaria. Todos, do apresentador ao contínuo, tinham que entrar a pé na Redação. Estacionamentos eram externos (não havia "vallet park", nem catraca eletrônica). A caminhada pelas calçadas do centro da cidade obrigava-nos a um salutar contato com a desigualdade brasileira.
Eu, que não sou católico nem protestante, fico apenas preocupado por ver uma concessão pública ser usada dessa maneira!
Mas, essa é também uma carta de despedida, sentimental.
Por isso, peço licença pra falar de lembranças pessoais.
Foram quase doze anos de Globo.
Quando entrei na TV, em 95, lá na antiga sede da praça Marechal, havia a Toninha - nossa mendiga de estimação, debaixo do viaduto. Os berros que ela dava em frente à entrada da TV traziam uma dimensão humana ao ambiente, lembravam-nos da fragilidade de todos nós, de como nossa razão pode ser frágil.
Havia o João Paulada - o faz-tudo da Redação.
Havia a moça do cafezinho (feito no coador, e entregue em garrafas térmicas), a tia dos doces...
Era um ambiente mais caseiro, menos pomposo. Hoje, na hora de dizer tchau, sinto saudade de tudo aquilo.
Havia bares sujos, pessoas simples circulando em volta de todos nós - nas ruas, no Metrô, na padaria.
Todos, do apresentador ao contínuo, tinham que entrar a pé na Redação. Estacionamentos eram externos (não havia "vallet park", nem catraca eletrônica). A caminhada pelas calçadas do centro da cidade obrigava-nos a um salutar contato com a desigualdade brasileira.
Hoje, quando olho pra nossa Redação aqui na Berrini, tenho a impressão que estou numa agência de publicidade. Ambiente asséptico, higienizado. Confortável, é verdade. Mas triste, quase desumano.\nMas, há as pessoas. Essas valem a pena. Pra quem conseguiu chegar até o fim dessa longa carta, preciso dizer duas coisas... Sinto-me aliviado por ficar longe de determinados personagens, pretensiosos e arrogantes, que exigem "lealdade"; parecem "poderosos chefões" falando com seus seguidores... Se depender de mim, como aconteceu na eleição, vão ficar falando sozinhos. 2) Mas, de meus colegas, da imensa maioria, vou sentir saudades. Saudades das equipes na rua - UPJs que foram professores; cinegrafistas que foram companheiros; esses sim (todos) leais ao Jornalismo. Saudades dos editores - que tiveram paciência com esse repórter aflito e procuraram ser leais às minúcias factuais. Saudades dos produtores e dos chefes de reportagem - acho que fui leal com as pautas de vocês e (bem menos) com os horários! Saudades de cada companheiro do apoio e da técnica - sempre leais. Saudades especialmente, das grandes matérias no Globo Repórter - com aquela equipe de mestres (no Rio e em São Paulo) que aos poucos vai se desmontando, sem lealdade nem respeito com quem fez história (mas há bravos resistentes ainda
Hoje, quando olho pra nossa Redação aqui na Berrini, tenho a impressão que estou numa agência de publicidade. Ambiente asséptico, higienizado. Confortável, é verdade. Mas triste, quase desumano.
Mas, há as pessoas. Essas valem a pena.
Pra quem conseguiu chegar até o fim dessa longa carta, preciso dizer duas coisas...
1) Sinto-me aliviado por ficar longe de determinados personagens, pretensiosos e arrogantes, que exigem "lealdade"; parecem "poderosos chefões" falando com seus seguidores... Se depender de mim, como aconteceu na eleição, vão ficar falando sozinhos.
2) Mas, de meus colegas, da imensa maioria, vou sentir saudades.
Saudades das equipes na rua - UPJs que foram professores; cinegrafistas que foram companheiros; esses sim (todos) leais ao Jornalismo.
Saudades dos editores - que tiveram paciência com esse repórter aflito e procuraram ser leais às minúcias factuais.
Saudades dos produtores e dos chefes de reportagem - acho que fui leal com as pautas de vocês e (bem menos) com os horários!
Saudades de cada companheiro do apoio e da técnica - sempre leais.
Saudades especialmente, das grandes matérias no Globo Repórter - com aquela equipe de mestres (no Rio e em São Paulo) que aos poucos vai se desmontando, sem lealdade nem respeito com quem fez história (mas há bravos resistentes ainda).
\nBem, pelo tom um tanto ácido dessa carta pode não parecer. Mas levo muita coisa boa daqui. Perdi cabelos e ilusões. Mas, não a esperança.\nUm beijo a todos.
Rodrigo Vianna